sexta-feira, 6 de março de 2009

Diferentes Realidades...

Em sequência ao post do Rick, de 04 de Março, aqui vai um testemunho de alguém que viveu a realidade das universidades públicas brasileirais e vive atualmente a realidade de uma universidade pública canadense.

Fiz minha graduação na USP e estou, atualmente, em vias de terminar um mestrado na Universidade do Québec, no Canadá. Interessante ressaltar que ambas as universidades são públicas. No entanto, na UQ os estudantes pagam mensalidade, dividindo com o poder público os gastos totais para a manutenção da estrutura universitária. Como no Brasil, aqui não são todos os alunos que podem arcar com as despesas dos estudos, mas um sistema eficiente de bolsas de estudos existe, onde a universidade realiza a captação do dinheiro junto à iniciativa privada. Além disso, os departamentos possuem diversos tipos de acordos com variadas empresas que investem em educação e pesquisa, recohendo frutos não só com relação à economia de impostos, mas também nos resultados dessas pesquisas para alavancar a industria local. Isto sem falar da linha de financiamento que o governo provincial disponibiliza, a juros simbólicos...

Enquanto aqui a sociedade considera a aliança entre universidade e empresas algo essencial para garantir um alto nível de produção acadêmica e o aprimoramento de novas tecnologias, os uspianos consideram esta união como a venda do conhecimento e o fim da independência universitária. Será?

Tecendo uma opinião pessoal, creio que a época de isolamento das universidades públicas no Brasil não pode mais existir. A Politécnica, na USP, só é capaz de oferecer uma satisfatória estrutura acadêmica aos seus alunos de graduação (bibliotecas equipadas, salas de computador, acesso eletrônicos aos principais periódicos) porque em parte se financia por meio das famosas fundações. O governo, sozinho, está longe de ter meios suficientes de acabar com os problemas de estrutura que o Rick citou no seu post. E se não quisermos tocar no fato de que os estudantes não desembolsam oficialmente um tostão, que mudemos o conceito de que a presença da iniciativa privada no meio universitário público represente o fim da soberania do conhecimento.

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